dezembro 04, 2011

Tem nada a oferecer além deste olhar vazio e estas palavras mortas e estas lágrimas já inexpressivas que caem espontâneamente nos lençóis. Silêncio em tanto barulho. Tendo fome, não tem apetite, levantar-se para comer o quê, quando a vida inteira que tem pela frente parece não querer sair dessa cama, o único lugar onde se sente segura. Segura de tudo, menos de si. Pudesse a alma viver a sua própria vida e ela a expulsaria daquele corpo inerte, movido apenas metabolicamente, quando quaisquer esforços para se mexer são limitados pelo peso da alma que carrega, tão pesada, ainda mais pesada, e mais ainda. A vontade foi-lhe roubada, foi deixada algures nessa atmosfera tão imensa que, estanto perto, está longe, e estando longe, está difícil de alcançar. Mas onde paira a vontade de alcançar essa vontade, se a vontade está longe, na atmosfera, e se o seu corpo não quer deixar esta cama? Incerto, o futuro é incerto e incertas são as pessoas. Podemos dar pouco, estamos sempre dando a mais.

G.S.

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