agosto 29, 2009

Eva

Estava diante de mim, efémera luz suave mostrava-me o meu rosto espectralmente irreconhecível, rodeada de um silêncio agoniante, uma solidão estonteante. A palidez do meu discreto rosto ganhou tom rosado, como se por ele uma pincelada de aguarela tivesse caído, os meus olhos ganharam a cor da tristeza e deles derramou o seu suculento fruto. Tudo isto eu vi mudar em mim mesma, enquanto um vácuo sentimento cresceu, porquê. Vejo o teu sorriso na minha frente, o teu delicado gesto, tão de rapariga, de agarrar um molho de cabelo e rodá-lo para longe do rosto, vejo um boas férias até setembro se antes não nos virmos, vejo o teu sorriso outra vez. Recebo mensagens incrédulas a perguntar-me se te conhecia, o porquê, quem eras, como eras, como o fizeste. Não sei o que responder, digo que da minha turma foste, que usavas aparelho e longo cabelo liso, que te chamas Eva, que as razões contigo foram? Apetece-me dizer que nada aconteceu, que entre nós continuas, que tudo está bem. Mas não está. A forma como finalizaste tudo, sem depedidas. Alguém me disse que é o ciclo da vida, eu assenti, mas não concordei. Tão jovem, com toda a vida na frente, sensações para experimentar, porquê o suicídio? Não consigo...
Seremos felizes, Eva, como teu desejo foi. Descansa em paz.

2 comentários:

Aragorn disse...

Seremos felizes, mas por agora precisamos de acalmar. A felicidade desvaneceu-se entre os dedos. Não quero estar em casa, pois meto-me a pensar nisto e a dor aumenta. Quero sair, fugir, quero ouvir o mar durante a noite...

aléqse disse...

Assino o que o Joelo disse ! O Porto certamente mudará alguma coisa