novembro 17, 2009

Caim

O leitor leu bem, o senhor ordenou a abraão que lhe sacrificasse o próprio filho, com a maior simplicidade o fez, como quem pede um copo de água quando tem sede, o que significa que era costume seu, e muito arraigado. O lógico, o natural, o simplesmente humano seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda, mas não foi assim. Na manhã seguinte, o desnaturado pai levantou-se cedo para pôs or arreios no burro, preparou a lenha para o fogo de sacrifício e pôs-se a caminho para o lugar que o senhor lhe indicara, levando consigo dois criados e o seu filho isaac. No terceiro dia da viagem, abraão viu ao longe o lugar referido. Disse então aos criados, Fiquem aqui com o burro que eu vou lá adiante com o menino, para adorarmos o senhor e depois voltamos para junto de vocês. Quer dizer, além de tão filho da puta como o senhor, abraão era um refinado mentiroso, pronto a enganar qualquer um com a sua língua bífida, que, neste caso, segundo o dicionário privado do narrador desta história, significa traiçoeira, pérfida, aleivosa, desleal e outras lindezas semelhantes.

3 comentários:

Joana disse...

acho que li esse excerto ontem :)
o livro é espectacular. ainda não acabei, mas estou a gostar muito..

al disse...

adoro saramago e achei que tudo o que ele lá disse tem ponta de verdade.

nobel, indeed. *

Aragorn disse...

falta o resto da história, ate agora tudo verdade, mas nao se pode rufutar em meios argumentos.