maio 10, 2010

humanamente

Tudo resulta de uma completa incapacidade de entrega total. Que culpa tenho eu, tendes vós, da incapacidade geral de entrega ao outro? Mesmo quando pensamos estar de mente aberta, espírito receptivo, e tantos que mais conceitos que nos tornam susceptíveis, temos o coração fechado. Não me venham dizer, cantar ou gritar que estou errada, que de tão certo estar não tenho memória. Existimos nós em nós, existem os outros fora de nós (salvo não raras excepções), e entre nós e o que não somos nós, há uma barreira imperceptível. Como se, em termos físicos, fossemos matéria, os outros a nossa própria anti-matéria, mas tenhamos a barreira que nos permite viver em harmonia, sem nos anularmos uns aos outros.
Uma outra ideia que se me formou ontem, ignóbil? Metempsicose... Melhor, ressuscitação. Sendo nós, humanos, e outros seres vivos menos racionais, conjuntos de moléculas e, consequentemente átomos, e em estando mortos sermos restituídos na Natureza, porque não acreditar na ressuscitação? Quem me garante que um dos meus átomos de carbono não foi o átomo de carbono presente no corpo de Pessoa? Quem me garante que as minhas adeninas, não são as adeninas que pertenceram ao DNA de Herculano? Posto isto, quem me garante que uma pessoa, tendo todos os seus átomos provenientes do corpo de outra pessoa, se lhe junte a sua alma? Se as almas andarem por aí a passar de dono em dono, visto esteja. Podieis dizer-me que, sendo assim, porque não temos então outros Einstein ou Newton. Escusado será explicar que o arranjo atómico não será idêntico de pessoa para pessoa, que o DNA é o DNA, a alma é o que é. Talvez tenhamos mais motivos do que imaginamos para sermos especiais...

2 comentários:

Aragorn disse...

Somos únicos. Não sei se especiais seja o melhpr termo, talvez como sujere um grande escritor que tanto tu como eu idolatramos (mais tu que eu próprio), somos todos diferentes e assim é que deve ser e devemos procurar sê-lo. "Carderno I" O autor? escusado será dizê-lo, pois a meio da palavra "grande" já devias saber quem era.
Do que penso que entendi estás cheia de razão, e friso a parte: "existem os outros fora de nós (salvo não raras excepções)", a não ser que estejas a falar de algo mais físico, para tais excepções assim ocorrerem é necessário um pleno conhecimento tanto do "eu" como do "tu" e não digo que o mais difícil seja conhecer o tu, mas sim conhecermo-nos a nós próprios e ter a humildade de nos colocar no outro. Não é mais fácil o outro conhecermo-nos a nós se nos observar atentamente, que muitas vezes nós próprios.

Não sei se tenho razão (talvez não), mas neste momento pensei assim.

Aragorn disse...

P.s. fiquei a conhecer o termo Metempsicose, o qual desconhecia, apesar de estar a par da corrente de pensamento que este acarreta.