julho 16, 2009

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Não gosto que falem para mim ou me distraiam quando estou empenhada e concentrada a descharar um sudoku. Não gosto que me façam perguntas durante as refeições como as seguintes, Achas que isso é almoço para ti?, Só comes isso?, Não comes pão?, Não comes salada?, Andas de dieta?, é que perco logo a vontade de comer ou então ganho fome de responder arrogantemente - só uma vez me levantei da mesa por causa de perguntas deste género, mas fui obrigada a voltar. Não suporto estar a ouvir a minha música e decidirem vir ouvir outras músicas para ao pé de mim, num volume que interfere com as minhas frequências e amplitudes, quando estou na minha própria casa (fico muito mal humorada e não respondo às pessoas que falam para mim, ou respondo com indiferença). Não gosto que me interrompam quando estou a ler um livro, que me chamem quando estou a meio de um capítulo, têm sempre que esperar que eu chegue ao fim! Não gosto dos livros de Nicholas Sparks - por favor, não me ofereçam mais nenhum!!!!. Não gosto de ter que ficar em casa com um sol maravilhoso que convida à la plage. Não gosto de não praticar desporto. Não gosto de perder as pessoas que são da minha vida, por razões exteriores a mim, mas das quais me culpam desculpando. Não gosto que falem palavras para cumprir e, na prática, não passem mesmo de palavras descumpridas. Não gosto que se cansem de esperar - porquê, se vivemos numa espera contínua? Não gosto de sentir saudades.
Não gosto desta nostalgia que me rouba de mim!

5 comentários:

Inês disse...

Também não gosto da maior parte das coisas que não gostas, principalmente estas: «Não suporto estar a ouvir a minha música e decidirem vir ouvir outras músicas para ao pé de mim, num volume que interfere com as minhas frequências e amplitudes, quando estou na minha própria casa (fico muito mal humorada e não respondo às pessoas que falam para mim, ou respondo com indiferença). Não gosto que me interrompam quando estou a ler um livro, que me chamem quando estou a meio de um capítulo, têm sempre que esperar que eu chegue ao fim!»

Nunca li nenhum livro do Sparks e não estou com intenções de ler. O filme que saiu inspirado na história também não me capta a atenção.

Odeio isto: «Não gosto de não praticar desporto.»

E isto (que se está a tornar repetitivo): Não gosto de ter que ficar em casa com um sol maravilhoso que convida à la plage.»

E disto: Não gosto de perder as pessoas que são da minha vida, por razões exteriores a mim, mas das quais me culpam desculpando. Não gosto que falem palavras para cumprir e, na prática, não passem mesmo de palavras descumpridas. Não gosto que se cansem de esperar - porquê, se vivemos numa espera contínua? Não gosto de sentir saudades. Não gosto desta nostalgia que me rouba de mim!»

Aragorn disse...

A partir do oitavo "Não gosto" entraste num estilo à Mia Couto, o que apreciei literariamente, mas confesso que despercebi algumas das percepções iniciais. Excelente capacidade de criação textual, acho bem que te tenhas encontrado sem nada para fazer e te tenhas lembrado de fazer este pequeno texto, inicialmente perfeitamente banal, mas vai ganhando uma complexidade e organização ao longo do seu decorrer. Possuis uma capacidade de escrita muito boa que reflecte a tua capacidade extraordinário de pensar.
Tudo isto para dizer que gostei do texto. Se os inteligentes são simples, às vezes falta-me inteligência :D

Dionísio disse...

um dia destes estava a fazer exercícios semânticos na minha cabeça.

não gosto de nada
gosto de nada
não gosto de tudo
gosto de tudo
se não gosto de nada, gosto de tudo, se gosto de nada , não não gosto de tudo, não gosto de nada.

al disse...

eu cá gostei da sinceridade deste texto. *

telma disse...

não gosto de nenhuma dessas coisas. as saudades são tão fodidas.